Síndrome da Abelha Rainha

Bullying na Enfermagem

Nesse post venho abordar um assunto bem delicado quando se trata de um profissional de enfermagem seja bacharel, técnico ou auxiliar recém formado. Na verdade quando nos formamos o sonho é fazer logo nossa carteira  profissional da categoria  pra posteriormente começar a busca do tão sonhado primeiro emprego na área da saúde. Ali encontramos vários desafios. Esperamos nos sentir bem recepcionados e amparados por aqueles que já estão a um bom tempo atuando. Quem vê de fora imagina como deve ser trabalhar com esses anjos de bom coração. No entanto o quê eles não sabem é que uma certa escuridão e algumas coisas não tão boas na verdade acontece dentro de quatro paredes de um hospital.

Em cada unidade de saúde sempre haverá aquela pessoa que age como “bom profissional de enfermagem” na frente dos colegas de trabalho, médicos e chefias, mas quando se trata de iniciantes, ela se transforma em uma abelha-rainha e torna a vida e os primeiros meses no hospital um inferno para os novatos. E tal questão pode ser uma forma de assédio, intimidação, trotes entre outras coisas.

Para alguns essa situação pode parecer nova, mas ela já está há anos na profissão de enfermagem. Como alguns se submetem a esse tratamento, os chamados profissionais abelha-rainha fazem isso para outro colega de profissão, e depois para outro, de geração em geração. Esse comportamento se transforma em um ciclo vicioso. Eu já passei por uma situação em que a própria chefia me disse , isso aqui é normal, observe o que te fazem hoje pra fazer com a próxima pessoa que vier. Achei um absurdo ouvir isso vindo de uma chefia.

Muitas vezes pela pressão pedimos demissão e não chega-se a completar um ano. Sem contar com a fama que a vítima fica na instituição por parte da calúnia da abelha-rainha. Esse bullying pode estar presente inclusive na passagem de plantão. Um fato que ocorreu comigo no início de carreira foi bem na passagem de plantão. Recém chegada na instituição, logo no primeiro dia assumi nove pacientes , todos acamados, pós- UTI. Mal sabia por onde começar, mas bem…vindo do meu curso, comecei pelo o que havia aprendido do que era importante. Só que fazer e como fazer era a parte mais complicada da situação. Comecei pelo sistema único de saúde (SUS), faltava tudo e não sabia nem aonde ficavam as coisas. Muitas vezes me sentia uma incapaz e parava no corredor olhando pra que lado ir, quem atender primeiro. Todos me chamavam ao mesmo tempo, tudo pra mim era importante.

Numa dessas terminei me indispondo com um colega de trabalho. Como não tinha habilidade não conseguia cumprir o que é estabelecido pra fazer em seis horas de trabalho. E acreditem novatos, é possível. Tudo com organização e senso. Mas o colega em questão não quis entender, gritou comigo, me expondo na frente de pacientes, minha equipe e a dele e chefias. Foram os cinco minutos mais cruéis de toda minha vida. No outro dia recebi uma comunicação interna e advertência sobre minha conduta. Fiquei arrasada e “com sangue nos olhos”. Naquele momento queria pedir demissão, até as novatas que começaram  comigo me excluíram. Tive muito apoio em casa para continuar. Tinha crises de raiva de mim mesma, absorvi uma gastrite logo nos primeiros meses de contrato. Trabalhava branca como um papel para não perder o emprego, engoli muitos sapos aos quais transformei em gordura física, andava corcunda por carregar o peso do trabalho.

Tentava sorrir para mostrar aos meus pacientes confiabilidade no meu trabalho e que não percebessem  que não estava bem.  Eu adoeci! Fui diagnosticada com stress pós-traumático. Me ausentei alguns meses de atuar e voltei fortalecida. Acredito em uma enfermagem humanizada, que receba alguém novo sempre de forma acolhedora, pois é esse o nosso ofício. Acolher, amparar, cuidar, zelar. Com isto, não somente os profissionais serão beneficiados mas também os pacientes, por meio de um trabalho realizado de mãos dadas, com o objetivo de fornecer uma assistência de qualidade para aqueles que necessitam.

 

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