Depressão, uma doença silenciosa!

Como é a depressão para quem sofre da doença!

O mundo é visto como preto e branco. A vida fica sem graça o isolamento social é inevitável uma vez que os amigos e a família vão se afastando conforme a doença vai progredindo. Existem pelo menos dois tipos de depressão:

  • Química
  • E do cotidiano

Um assunto difícil de ser falado! Queria abordar  como a saúde trata a doença hoje, como os profissionais da enfermagem  é preparada para lidar com esses pacientes de doença tão silenciosa, uma vez que são os mesmos que passam a maior parte do tempo com eles. Inúmeras tentativas para falar com pessoas que lidam com a nossa, a sua saúde mental e encontrei tabus e resistências, inclusive de funcionários de hospitais psiquiátricos sobre o assunto. Como resposta tive desculpas de que não podemos expor os tutelados do Estado. Acho que quiseram falar nossos tutelados, a SOCIEDADE paga para esses tutelados estarem lá dentro. Queremos saber, como são tratados e como foram tratados anteriormente. O objetivo não é expor pessoas e sim falar sobre o assunto para que ele se torne conhecido. Quanto mais conhecemos de determinado assunto um pouco menos leigos ficamos e menos negligentes. Principalmente porque tentam  fazer que nos posicione  a luta anti -manicomial.

Cada dia mais vemos pessoas adoecendo mentalmente, nem todos são graves. Mas um adoece o outro que adoece mais alguém, como qualquer outra patologia é como se fosse um piolho que  pula de uma cabeça para outra. A mente absorve e se acostuma a viver num desequilíbrio que parece ser normal de tão constante e infinito. Há quem perde a noção do que é certo e errado, tem os que agem com instinto sem pensar no que falam e no que fazem. Inúmeras pessoas estão adoecendo a cada dia. Do mais alto padrão ao mais baixo. Depressão afeta o raciocínio, afeta as emoções ,  ausência de empatia.

Para entender um depressivo no meu ponto de vista é preciso entender a nós mesmos, nos enxergarmos primeiramente com os olhos de nossa alma, saber ouvir, ter muita paciência, pois suas queixas e reclamações são as mesmas. Mas  a cada vez que repete a mesma coisa expressa de uma forma diferente aquilo que nem mesmo sabem dizer. Ouvir é um ato de ajudar o depressivo a se ouvir e se ajudar. Ter muita paciência, repito muita paciência. Depressivos pedem ajudam pela atitude e expressão dos sentimentos ( ausência ou excesso deles), cada um responde a depressão de uma forma diferente. Tem os que levam uma vida normal , mas quando conversam com outras pessoas falam alto, pois querem ser notados, podem estar pedindo ajuda. Geralmente pessoas ansiosas se compensam de diversas formas, seja na alimentação, na compulsão por compras, etc. A ansiedade também presente em pessoas depressivas e psiquiátricas. O excesso de ansiedade pode levar a depressão.

A família não entende o que acontece. O Estado diz que a família é responsável pelo cuidado. Mas me pergunto… O Estado mal ampara o paciente quem dirá a família que irá cuidar. Não tem preparo dos profissionais da enfermagem para lidar com esses pacientes. O olhar para eles é diferente da visão que somos treinados a patologias físicas. Importante dizer também que pacientes psiquiátricos também sofrem de depressão, mas nem todo depressivo é um paciente psiquiátrico.

Estuda-se hoje pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul uma especialização para profissionais da enfermagem que atuam na saúde mental, em especial para os que atuam em Centro de Atenção Psicossocial e Postos de Saúde.

Então, como percebe-se falar sobre depressão é colocar o dedo na ferida.

Deixo abaixo o poema de uma jovem na tentativa de explicar a sua mãe como se sente com a depressão.

Jovem faz poema para explicar para mãe como se sente por causa da depressão…

Chamo os dias ruins de ” dias sombrios”

 – Mamãe diz : ” Tente acender velas”, vejo lampejo de uma Igreja. Cintilação das chamas.

Faíscas de uma memória mais nova que o meio-dia, estou ao lado do caixão aberto dela.

É um momento que entendo que toda pessoa que eu conhecerei, algum dia morrerá.

Além disso, mãe, não tenho medo do escuro.

Talvez, isso seja parte do problema.

Mamãe diz: ” Achei que o problema fosse você não conseguir sair da cama”.

Eu não consigo, a ansiedade me mantém refém dentro de minha casa, dentro da minha cabeça.

Mamãe diz: ” De onde vem a sua ansiedade?”

A ansiedade é o primo de outra cidade que vêm visitar.

A depressão se sente obrigada a trazer para festa. Mamãe, eu sou a festa.

Só que uma festa na qual não quero estar.

Mamãe diz: ” Por quê você não tenta ir a festa de verdade?” “Ver seus amigos”.

Claro, eu faço planos. Faço planos, mas não quero ir.

Faço planos porque sei que deveria querer ir.

Sei que algumas vezes deveria querer ir, só que não é muito divertido se divertir quando você não quer se divertir, mamãe.

Sair mamãe, cada noite a insônia me pega em seus braços, me mergulha na cozinha do pequeno brilho da luz do fogão.

A insônia tem esse jeito romântico de fazer a Lua parecer a companhia perfeita.

Mamãe diz: ” Tente contar ovelhas”.

Mas minha mente só consegue contar motivos para ficar acordada.

Então eu não saio para caminhar, mas minhas rótulas balbuciantes tinindo como colheres de prata, segurada por braços fortes com pulsos soltos.

Elas soam nos meus ouvidos como desajustados sinos de uma igreja,

Me lembrando que sou uma sonâmbula,

Em um oceano de felicidade no qual eu não consigo me batizar.

Mamãe diz: ” Felicidade é uma ilusão”

Mas minha felicidade é tão vazia quanto um ovo picado.

Minha felicidade é uma febre alta que vai ceder.

Mamãe diz que sou muito boa em criar algo do nada.

Então me pergunta abruptamente se tenho medo de morrer.

Não! Eu tenho medo de viver!

Mãe, eu sou solitária.

Acho que aprendi quando papai nos deixou como transformar a raiva em solidão.

A solidão em ocupação.

Então, quando eu lhe digo que tenho estado super ocupada ultimamente,

Quero dizer que tenho caído no sono assistindo a esportes no sofá para não ter de confrontar o lado vazio da minha cama.

Mas minha depressão sempre me arrasta de volta para minha cama.

Até que meus ossos sejam fósseis e esquecidos de um esqueleto em uma cidade submersa,

Minha boca, um quintal ósseo de dentes quebrados por se morderem.

O oco auditório do meu peito desfalece com ecos batimentos de um coração.

Mas eu sou uma turista despreocupada aqui

Eu nunca sairei realmente dos lugares onde estive.

Mamãe continua não entendendo.

Mamãe, você não consegue ver?

Que eu não consigo também?

 

 

 

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